Quem passa por um processo de demissão, sabe como é difícil tomar essa decisão e comunicá-la aos envolvidos. Por isso, cada vez mais, a demissão humanizada tem sido adotada por diversas empresas. Você pode ir além disso e fazer a diferença se adotar o outplacement.
Adotar estratégias de auxílio a quem foi demitido por força maior vai manter a boa marca empregadora da sua empresa. Isso demonstrará empatia pelo momento delicado e vai ao encontro dos valores que você tanto prega.
Ser demitido gera sentimentos negativos, ainda mais se é algo inesperado e a pessoa demitida vestia a camisa da empresa. Mitigue esse sentimento e evite um detrator da sua marca!
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Conheça mais sobre o outplacement, entenda sua importância e a sua viabilidade para sua organização ou trabalho. Boa leitura!
O que é outplacement?
O outplacement é um auxílio a um ex-funcionário após a sua demissão. Isso já é tendência em departamentos de recursos humanos de diversos países.
Na prática, isso significa oferecer ao antigo colaborador uma assistência no momento de transição, que costuma ser bem difícil e muitas vezes incerto.
O outplacement é um serviço, geralmente contratado pela organização que fez a demissão, e que, associado a um treinamento, ajuda o ex-funcionário a se organizar para que consiga uma recolocação.
O outplacement é uma atividade regulada internacionalmente pela International Association of Career Consulting Firms (IACCF), e é descrito como um processo estruturado que tem como foco apoiar o colaborador demitido a dar um próximo passo em sua carreira.
Esse apoio é geralmente estruturado em torno de assistências de um profissional, treinamentos, apoio psicológico, técnicas de coaching, entre outros.
Isso significa que o outplacement não auxilia o profissional apenas a se recolocar, mas também pode auxiliá-lo a empreender ou mesmo buscar uma outra área de atuação.
É uma jogada de ganha-ganha, que guia com dignidade o processo de demissão da sua empresa.
Como funciona o outplacement?
O outplacement, como prática holística, diferentemente de apenas uma recolocação profissional, atua em diversos âmbitos da vida do ex-funcionário.
Ele receberá ajuda emocional, de infraestrutura, planejamento financeiro, capacitação, planos de aposentadoria, melhora na relação interpessoal e até possibilitar o trabalho autônomo, se assim desejar. Tudo vai depender de como a empresa tocará o projeto com esse profissional.
Para que um programa de outplacement seja implantado com sucesso em uma empresa, é preciso que alguns processos sejam estrategicamente organizados e conduzidos por um profissional.
Confira um passo a passo desses processos:
Planejamento do processo de demissão
No começo, quando a decisão for tomada, a empresa entra em uma corrida de organização completa de um processo de demissão.
Primeiro é necessário planejar e estruturar a reunião de demissão. Sabemos muito bem que esse é o momento mais delicado. A quebra de expectativa é enorme e se não for bem administrada, pode gerar revolta, raiva e inconformismo.
Nesse planejamento da reunião, alguns pontos são importantes: a escolha do profissional que irá anunciar essa demissão, a avaliação econômica, física e emocional de quem será demitido, a análise do impacto que isso causará, tanto para os demais colaboradores, como para os clientes e fornecedores.
Partindo mais para algo menos subjetivo, é necessário apresentar os motivos da demissão — com razões objetivas, coerentes e muito transparentes. Também vai ser importante definir o pacote financeiro e de benefícios, que já foi pré estabelecido ou será revisado caso a caso.
E por fim, mas não menos importante, os processsos ténicos pós-demissão como recolha de chaves, entrega dos materiais de trabalho, burocracias e outros.
Aqui, ainda estamos na fase de planejamento. Após tudo isso estar documentado e acordado com todos os envolvidos, aí sim partiremos para a reunião proporiamente dita.
Processo de desvinculação do funcionário
Neste momento acontece o anúncio da demissão ao funcionário que, como já orientamos, deve ser feito de forma responsável e em uma reunião particular.
Assim que é realizado o anúncio de demissão, a empresa que adota o outplacement, encaminha o ex-colaborador para uma conversa com o especialista nessa atividade.
É nesse momento que o funcionário demitido é orientado pelo especialista em outplacement e levado a externar seus sentimentos em relação ao que aconteceu, seus receios, e outros assuntos relacionados.
Durante esse processo, cabe ao profissional de outplacement agir como um psicólogo — que pode ser uma das formações anteriores inclusive. No geral, ele auxiliará o ex-colaborador a lidar emocionalmente com o acontecido.
Nas entrelinhas, o profissional de outplacemente precisará trabalhar a reconstrução da autoconfiança do ex-colaborador, assim como lhe permitir extravasar as emoções negativas geradas por esse atrito, muitas vezes inesperadas.
Após esse contato inicial, onde o rumo da situação já está mais claro, o programa de outplacement deve ser apresentado ao ex-colaborador junto com as estratégias de recolocação individual.
Feito isso, inicia-se uma nova conversa sobre reflexões de carreira e vida pessoal, para que o profissional de outplacement entenda os objetivos desse ex-colaborador e qual será o melhor caminho para ele.
Por fim, entregar um plano/programa de qualificação e suporte de transição de emprego ou carreira. Isso será responsável por guiar as ações de alguém que ainda pode estar perdido em relação ao momento, então deve ser feito com muita atenção e empatia.
Os próximos passos estão explicando os processos que foram citados acima, com mais alguns detalhes importantes.
Comunicação sobre os benefícios
Nesta parte do processo, o RH deve explicar ao colaborador demitido quais os próximos trâmites que envolvem o acontecimento, como os direitos e concessões.
E este momento se torna ainda mais importante pois é quando a empresa pode oferecer outros benefícios além dos que estão previstos em lei, como por exemplo:
- Prorrogação do plano de saúde;
- Porcentagem em lucros futuros;
- Direito a utilizar determinados recursos da empresa;
- Entre outros, a depender da infraestrutura da empresa.
O processo de recolocação com outplacement
Alinhados todos os trâmites que envolvem um processo de demissão, chega o momento do profissional aceitar e iniciar o seu processo de recolocação.
Conforme a metodologia defendida pelo fundador da Catho, Thomas Case, o processo de recolocação em outplacement deve envolver as seguintes etapas:
- Análise sobre toda a carreira do profissional em questão;
- Descrição de suas realizações dentro da empresa: responsabilidades, funções e outros;
- Elaboração de plano de carreira;
- Elaboração de um plano de marketing pessoal;
- Produção e divulgação de currículo atualizado, portfólio, cartões;
- Treinamentos e preparação para a participação em novos processos de recrutamento e seleção;
- Treinamento para participação de entrevistas de emprego;
- Orientações sobre negociações de propostas e salários;
- Atualização de informações sobre o mercado, tendências do setor e oportunidades.
Assim, essas etapas devem constar naquele plano/programa de qualificação e suporte de transição de emprego ou carreira. Como foi mencionado, é importante ter tudo muito bem escrito e datalhada para que o profissional se sinta confortável e habituado com tudo isso.
O RH e os demais setores envolvidos no programa de outplacement devem sempre ter o objetivo de garantir a desvinculação do funcionário de forma correta e tranquila, apoiando-o nesse momento estressante.
Quais os benefícios do outplacement?
Além do outplacement trazer vantagens competitivas para a empresa, também promove a valorização do capital humano do profissional envolvido.
Humanização no processo de demissão
Entre os tantos benefícios do outplacement, podemos começar pelo que tange diretamente a pessoa demitida. O apoio emocional prestado, juntamente com o trabalho de recuperação da confiança e autoestima já mudam completamente o cenário de uma demissão.
Sabemos o quão ruim é ser demitido sem motivos por parte do colaborador. É algo inesperado, que quebra expectativas. Nada mais justo que provar que a humanidade ainda tem salvação e que podemos fazer a diferença em cada ação diária.
O apoio que a empresa dá ao ex-colaborador o ajuda a enfrentar esse momento delicado, que pode muitas vezes ser comparado com o luto, até seguindo as suas etapas de negação, raiva, negociação, depressão e por fim aceitação.
Assim, se o trabalhador for tratado de forma digna, a empresa tem mais chances de recontratá-lo após uma crise passar, por exemplo.
Investindo em outplacement, a sua empresa estará reforçando os valores humanizados e o reconhecimento de suas políticas de recursos humanos, pois terá processos de demissões mais transparentes.
Reduz os riscos de processos trabalhistas
Passando pelas fases de luto ou mesmo por maldade, um ex-colaborador poderá entrar na justiça para perseguir direitos que ele considere seus.
Por algum acordo verbal feito antigamente ou até um mal entendido, a empresa pode passar cerca de 8 meses arrastando um processo e pagar altas quantias em dinheiro.
Mas esse não será o caso de quem trabalha com outplacement na demissão de seus funcionários. É nítido que os processos de mitigação de sofrimento, apoio, auxílio e benefícios mostrará que a intenção não era demiti-lo, e que isso é uma situação excepcional.
Todos os trabalhos posteriores de aconselhamento profissional, capacitação e preparo rapidamente o fará encontrar um novo emprego.
Melhora na reputação da marca empregadora
Outro ponto a ser destacado: employer branding da organização. Se bem anunciado, seja em processos seletivos, valores internos da empresa, planos do RH ou até na imprensa, usar de ferramentas de outplacement trará bons frutos para a reputação da marca empregadora da empresa.
Como você deve saber, o employer branding é um conjunto de estratégias que transformam a empresa em um lugar buscado pelos profissionais mais talentosos, independente do setor que atua.
Com a demontração de comprometimento com o bem-estar de seus colaboradores, a empresa aumenta sua atratividade no mercado e melhora diversas métricas de gestão de pessoas. Vale a pena conferir!
Clima organizacional mais sólido com outplacement
Os boatos correm rapidamente pelos corredores. Quando alguém é demitido sem justa causa, seus colegas mais próximos saberão da possível injustiça e ouvirão a pior versão sobre a empresa. Lembra das etapas do luto? Aqui estamos falando da raiva.
Caprichar no planejamento — e, obviamente, na ação — do programa de outplacement vai mitigar qualquer mal entendido e opiniões distorcidas. A empresa assume a “culpa” e corre para resolver todos os problemas, assim como um adulto deve fazer com sesus problemas.
Interna e externamente, tudo isso será visto com ótimos olhos.
Você vai perceber também uma melhoria do clima organizacional e na confiança da empresa, incluindo aos colegas do ex-colaborador, que se sentirão mais seguros em trabalhar na sua empresa sabendo que não serão demitidos de uma hora para a outra sem apoio.
Outro ponto legal de ser destacado é o aumento de comprometimento dos funcionários, pelo mesmo motivo acima.
Não dá para negar que os programas de outplacement são extremamente benéficos para a organização e todos os públicos envolvidos direta ou indiretamente com ela.
Mesmo não sendo uma prática tão popular no Brasil, já podemos encontrar cases de sucesso de empresas no país que abraçaram o outplacement e tem transformado sua imagem de forma positiva. E o melhor: fazendo com que essas empresas sejam desejadas por profissionais e, consequentemente, clientes.
E a sua empresa? Vocês estão prontos para adotar um programa de outplacement?