A EVP (Employee value proposition) é exatamente a sua tradução literal: “proposta de valor ao colaborador”. Toda empresa que quer crescer entende que só conseguirá isso se investir em pessoas. Acreditar em pessoas é o ouro corporativo do século XXI.
Não tem como ser uma boa empregadora sem montar um bom plano de benefícios. Infelizmente muitas empresas oferecem benefícios extremamente básicos, como VT e VR, e com isso acreditam estarem suprindo as necessidades do colaborador.
Bem, na realidade não.
O colaborador precisa de muito mais. A competição por talentos é cada vez mais acirrada e ganha quem tiver o melhor plano. Exatamente como acontece no mundo comercial, só que com clientes.
Qual o EVP da sua empresa para adquirir e reter profissionais fortes? Não estruturou ainda?
Leia o artigo a seguir 🙂
EVP: os ganhos para a empresa
O EVP tem ligação direta com Employer Branding. Ah, nós temos um artigo épico sobre Employer Branding, caso queira saber mais.
Quando você cria conjunto de benefícios para atrair e reter profissionais, está se preocupando com as pessoas. Representando sua marca empregadora, você está dizendo para o mercado de trabalho: “Nós queremos que você fique bem aqui”.
E é uma faca de dois gumes: quem se sente bem na corporação, produz mais, produz melhor, advoga pela empresa e traz mais talentos.
Parece que criar um EVP tem um ROI bem grande, certo? Mas, calma lá, você ainda precisa colocar tudo no papel!
Exemplos de benefícios para o EVP
Plano de carreira
Se você é do RH, bem sabe que profissionais bons querem crescer. Eles não estagnam e não param no tempo: o objetivo é sempre mais. Acima de tudo, o plano de carreira é um grande atenuador de turnover.
Mas não é só isso: quando um profissional de fora vê que a empresa tem um plano de carreira, automaticamente pensa em uma corporação preocupada em retenção. E quando se pensa em retenção, se pensa em outros benefícios auxiliares.
E, claro, além do benefício da retenção e reputação da empresa, também tem todo o ganho operacional. Quem está motivado produz mais e produz melhor!
Treinamentos profissionais
Os treinamentos profissionais são outro braço de enfraquecimento do turnover. Além disso, com treinamentos também temos ganhos de operação, então também é um benefício com retorno duplo.
Por meio de treinamentos profissionais sua empresa também consegue filtrar quem realmente quer crescer e quem só quer estar ali.
Muitas vezes – e isso pode ser até duro de dizer – pura e simplesmente pelo dinheiro.
Variação do benefício: Palestras motivacionais e com influencers, apresentações internas, co-participação no pagamento de cursos, horário instituído de estudos.
Benefícios para transporte e alimentação
Estes benefícios são os mais básicos, mas você sairá perdendo caso não ofereça, ou caso oferece valores escassos.
O que você tem que fazer, no caso de VT e VR, é pesquisar o que as empresas da redondeza estão oferecendo e, claro, os seus concorrentes.
Isso porque é preciso atentar aos preços dos restaurantes locais, que naturalmente serão mais frequentados pela equipe do que locais mais longes.
No caso da investigação dos concorrentes, é mais por um parâmetro competitivo.
Variação do benefício: Vale Alimentação, Cesta Básica.
Participação nos lucros
A participação nos lucros é um benefício menos comum e está diretamente ligado ao faturamento da empresa. Se não estamos falando de receita escalável – como no caso de empresas de tecnologia – essa opção pode não fechar.
Mas, se você atua em uma empresa de tecnologia, ou que tem uma renda escalável, pode ser uma ótima opção.
A participação nos lucros é um dos benefícios mais valorizados pelas equipe, pois equivale a uma comissão coletiva. Na hora de oferecer, fique atento(a):
- Receita atual da empresa
- Parcela para cada setor de acordo com o ROI que gera
- Receita escalável ou não?
Plano de saúde e odonto
O plano de saúde é normalmente mais comum do que o de odonto, por razões claras de uso. Dá para oferecer tanto no formato integral como no de co-participação, dependendo do uso e, claro, da receita da empresa.
Para isso, pode ser interessante fazer uma pesquisa interna antes. Exemplo de algumas perguntas:
- Com que frequência você usa médico/dentista?
- Existem tratamentos ou procedimentos que faça com frequência?
- Um plano de saúde (ou um plano de odonto) faria diferença ou você prefere outro benefício?
Essa pergunta é bem válida para alocar bem os recursos, já que muita gente não costuma usar dentista com frequência e quase nunca vai ao médico.
EVP: como desenvolver um?
Qual o culture code?
Um dos primeiros passos para montar o EVP é entender profundamente a cultura da empresa. Isto é, estamos falando de uma empresa informal/formal/disruptiva/tradicional? Qual a missão da empresa? Qual o padrão de comportamento das equipes? Quais os pontos fortes?
Do que estamos realmente falando? Bom, com certeza estamos falando de pessoas. Todos os pilares acima tem a ver com as pessoas de uma empresa. Toda empresa também tem o seu culture code, embora nunca tenha parado para considerar isso.
Se a sua empresa ainda não tem, invista em conversas com os colaboradores, colha noções de cultura de quem a vivencia.
Que tal montar um script de perguntas? Aí algumas sugestões:
- Tem algo que você goste muito na empresa?
- Tem algo que você não/mudaria aqui?
- Define a empresa em uma palavra (O que é mais marcante aqui?)
- Como CEO, o que você mudaria/implementaria na empresa?
>>Leitura recomendada:
Testes de fit cultural: a importância na atração de top talentos
Descubra forças e fraquezas da empresa
Antes de qualquer coisa, como você pode usar esses benefícios para potencializar as forças e atenuar as fraquezas da sua empresa?
Vou dar um exemplo prático: sua empresa fica em um local mais remoto, de difícil acesso. Se tivesse que escolher entre uma carteira de benefícios, você incluiria o VT integral ou a Participação no Lucro das empresas?
Esse é o princípio do EVP: usar os benefícios de forma inteligente. Por isso é tão importante planejar, concorda?
Para descobrir as forças e as fraquezas, novamente você precisa contar com a opinião da equipe. E ah, pode aproveitar as perguntas que coloquei logo acima! 🙂
O que os concorrentes estão fazendo?
Você conhece os seus empregadores concorrentes? Isto é, você está ciente de empresas que já “roubaram” talentos da sua, ou que pelo menos podem facilmente fazê-lo?
Essa é uma parte muito importante do EVP. E, claro, serve até para o RH saber se está com uma carteira muito extensa de benefícios e poderia realocar a verba em um benefício mais “útil”, por exemplo.
Quer uma dica? Comece pelos concorrentes diretos de mercado e depois mapeie empresas que não são necessariamente concorrentes, mas possuem os meus cargos que os da sua empresa.
Vale até um poderoso benchmarking!
Clima organizacional
O clima organizacional também conta como um benefício, mesmo sendo algo mais gradativo e mais longo de se criar.
A esta altura do campeonato, você já tem todo o insumo de informação à mão, certo? Você já sabe qual é o culture code, quais os pontos fortes da empresa e qual verba possui para benefícios.
Quem sabe você consiga investir em uma sala de descanso, alguns jogos, ginástica laboral, comidas e bebidas diferentes, ih, tem muita coisa que você pode implementar. É preciso criatividade!
Prometeu, cumpriu
Isso aqui é importante, viu? Você precisa se planejar, caso contrário pode acabar prometendo uma série de coisas que não vai poder cumprir depois. De preferência, faça isso juntamente com o CEO, ou o financeiro, para que não haja restrição de verba mais tarde.
O conselho é: monte um escopo básico de projeto e leve para análise de superiores, sem prometer nada antes de fechar a verba.
Se a verba já é preestabelecida, faça uma reunião mesmo assim. Até porque, uma vez que o seu “caldeirão de ideias” estiver efervescente, muita coisa pode mudar. Vai por mim 🙂
E aí, já fez o Planejamento Estratégico do RH para 2019? A GeekHunter fez um para empresas de tecnologia. Se for o seu caso, vem trocar uma ideia com a gente!